24 de out. de 2010

E aí? O mundo está mal educado?

Na fila de uma casa noturna da moda em São Paulo, uma celebridade de segunda linha, casada por pouco tempo com um famoso jogador, tenta burlar a fila de entrada e ainda reclama de pagar R$ 50,00 pela noite. Do outro lado um famoso decorador de interiores dá piti com o hostess do local porque tem que pegar fila e sai esbravejando para todo mundo ver a cena. Na hamburgueria recém inaugurada em Perdizes, um grupo de "gossip girls" se enpuleiravam no sofá de entrada gritando feito gralhas e não dando lugar para uma jovem senhora com seu bebê de colo. No restaurante descolado de uma capital no sul do país, quatro pessoas em uma mesa gritam, dão risadas altíssimas, enquanto que a loira espaçosa levanta e bate violentamente com a cadeira nas costas da outra pessoa que civilizadamente janta com seu amigo. Na sala de uma casa qualquer um garoto de 9 anos está sendo doutrinado pela mãe e pelo pai a bater no coleguinha da escola caso ele venha a oportuná-lo mais uma vez. No avião outro casal com um filho endiabrado deixa a cria fazer o que quer entre as poltronas apertadas. O menino não para e quer ir ao banheiro, quer comer, quer brincar e quer mexer com as pessoas sentadas à sua frente. Os pais inertes nada fazem. Outra famosa pizzaria dos Jardins deixa que sua hostess atenda ao público reclamando, levantando as mãos com impaciência como se estivesse em casa discutindo com o namorado. No supermercado a senhora com seus 65 anos completamente sem paciência dribla o jovem casal e avança em direção ao caixa, deixando-os completamente constrangidos. No trânsito, bem... são infindáveis as situações de má educação, beirando a grosseria a que estamos sujeitos diariamente. Nossa, como o mundo está ficando mal educado.





Já li e ouvi muitas teorias que isso seria culpa do novo rico, a nova classe média. Embora já tenha presenciado absurdos desse pessoal que enriqueceu de repente, particularmente acho que a má educação está em todas as camadas sociais. É um vírus que se dissemina rapidamente. E sem ser piegas, sem ter um discurso social ou preconceituoso, minha teoria é que isso tudo é gerado pela falta de crença nas pessoas, nas instituições, nas autoridades, em nós mesmos gerando um forte sentimento de autodefesa e assim, vale tudo: agressão, a indiferença, o ego, o uso de uma posição social e a sacanagem. 

A mãe que ensina o filho a bater, não acredita que uma diretoria, uma coordenação de escola, ou até mesmo o tão frágil professor vai proteger sua prole. No supermercado a senhorinha não crê que alguém possa dar-lhe o lugar na fila, e que acha que é seu de direito, por isso a grosseria pode ser sua garantia. Os pais inertes no avião, além da culpa de não conviver e educar diariamente seu filho que é jogado a ser educado por uma escola qualquer, não acredita que alguém possa reclamar de seu pequeno monstro em qualquer ambiente que esteja, assim tanto faz... 



Gossip Girls
A hostess, embora treinada para ser educada e simpática pelo estabelecimento, diante do caos de uma casa cheia, volta as origens de sua criação feita por pais separados, aperta o botão de foda-se e encara seus clientes como inimigos. Os mal educados do restaurante no sul são e agem como turistas, estão de passagem e não precisam se preocupar com os demais, assim como não acreditam que um gerente possa vir a mesa reclamar já que são pagantes. E se reclamar ou vão desdenhar ou vão pra porrada. As adolescentes metidinhas e seguidoras da série de tv Gossip Girls não se preocupam com as demais pessoas já que seus pais também não se preocupam. O que vale é tirar da bolsa o celular com câmera e se autofotografar inúmeras vezes.  O estrelinha do decorador, que faz até programa de TV, não acredita que ninguém o reconheça como uma celebridade e que possa "agregar valor ao local" (burp!), assim deve ter privilégios sobre os demais. E desta forma age a celebridade b com sua imensa boca. 


Será que estamos todos assim? Não acreditamos realmente mais em nada e vamos para “os finalmentes” caso sejamos contrariados, ameaçados? Há que se ter muita paciência hoje, uma boa dose de humor e um certo cinismo para encarar isso tudo, não só em uma grande cidade como São Paulo, mas também em qualquer lugar deste planeta tão desconfiado de tudo.

(por Vitor Costa)

5 comentários:

  1. Bravo... bravíssimo...
    Texto muito bom!!!
    A educação, a boa, está baseada na ética comportamental, a partir do momento que as regras são criadas pela sociedade que nela convivem. Todos se acham exceção da regra...

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  2. Adorei o texto!!!
    É vdd, a falta de educação hoje em dia não possui classe social nem faixa etária, está em todos os lugares.
    No meu consenso, embora seja algo piegas, educação vem de berço, e são em situações de ameaça que essa 'falta de uma boa criação' se reflete em grosserias e afins!

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  3. sou totalmente suspeito para comentar este post! estou cada dia mais indignado com esse fenomeno de isolamento e indvidualidade egoista! assustador... mas... "la mala educácion puede ser combatida con la buena educación"!

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  4. parece um filme pastelão, sabe? daqueles de orçamento minúsculo, de atores e atrizes meros desconhecidos, gente da rua e do glamour que assume o trágico papel de barraqueiro.e as crianças?espelhos dos adultos, claaaaaro!
    mas o mundo continua educado: as plantas, os pássaros, os cãezinhos ainda insistem em dar bom dia cantando ou abanar o rabinho. CLAU

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  5. Muita paciencia!Foi bem colocado que o MUNDO esta mal educado, mesmo fora do Brasil consigo presenciar essas reacoes em muitos momentos, orgaos publicos foi uma experiencia bad :(
    Nao sou pessimista, mas em contato diario com criancas que sao o "futuro" reflito... Onde a humanidade vai chegar com toda essa educacao.

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